Depoimento de Cerveró é cancelado por problemas técnicos, diz advogado
Nestor Cerveró está preso na sede da PF em Curitiba (Foto: Adriana Justi/G1) |
O depoimento do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, que, segundo o advogado Beno Brandão, estava marcado para a tarde desta quinta-feira (22), foi cancelado. De acordo com o jurista, o interrogatório sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, tinha sido comunicado pelo delegado Eduardo Mauat e foi cancelado pelo mesmo. A justificativa, conforme Beno, foi "problemas técnicos".
Nestor Cerveró é réu em uma ação penal da Lava Jato por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro entre 2006 e 2012. Ele cumpre a prisão na sede da PF em Curitiba, onde também estão detidos outros investigados da Operação Lava Jato.
Cerveró foi preso no Rio de Janeiro, quando voltava de uma viagem a Londres. Conforme a PF, foram apreendidos documentos e mídias relacionados às transações financeiras dele. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), logo depois de ter sido denunciado, o ex-diretor da Petrobras tentou resgatar quase meio milhão de reais de um plano de previdência privada para transferir para outro em nome da filha, Raquel Cerveró.
O primeiro depoimento às autoridades policiais foi prestado um dia depois da prisão. O ex-diretor falou por quase três horas e meia e respondeu perguntas sobre as movimentações financeiras e os contratos dos navios-sonda. Ele negou ter recebido propina para a construção de navios-sonda e, sobre as transações financeiras, reiterou que não há nada de ilegal, segundo o advogado Beno Brandão.
Os advogados de Cerveró tentaram reverter a prisão, porém, o pedido de habeas corpus foi negado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre. A defesa alegou que a prisão preventiva do ex-diretor da Petrobras não foi fundamentada em "fatos individualizados, concretos e objetivos", mas em suposições, o que, segundo os advogados, é "incompatível com a boa doutrina e a unanimidade das decisões dos tribunais". Um novo pedido de habeas corpus deve ser impetrado pela defesa, mas também não há data definida.
Acusações
Cerveró foi diretor da Área Internacional da Petrobras de 2003 a 2008, durante o governo do presidente Lula. Já no governo da presidente Dilma Rousseff, assumiu a diretoria financeira da BR Distribuidora, onde permaneceu até ser demitido do cargo, em março de 2014.
Segundo o MPF, o ex-diretor recebeu propina, em dois contratos firmados pela Petrobras, para construção de navios-sonda, usados em perfurações em águas profundas. O pagamento, no valor total de 40 milhões de dólares, foi relatado pelo executivo Júlio Carmago, da Toyo Setal – que fez acordo de delação premiada no decorrer das investigações.
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, também réu da Lava Jato, citou Cerveró no acordo de delação premiada. Em depoimento à Justiça Federal (JF) do Paraná, em outubro de 2014, Paulo Roberto disse que Cerveró recebeu propina na compra da refinaria da Pasadena, nos Estados Unidos. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), o negócio gerou prejuízos de 790 milhões de dólares à Petrobras.
A compra de Pasadena foi aprovada, em 2006, pelo Conselho de Administração da Petrobras, que à época era presidido por Dilma Rousseff. Segundo a presidente, o resumo executivo que orientou o Conselho, e que foi produzido por Cerveró, era falho. Em julho, o TCU responsabilizou Cerveró e outros nove diretores e ex-diretores da Petrobras pelos prejuízos na compra.
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